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quinta-feira, 7 de julho de 2011

RESENHA DO FILME: INFÂNCIA ROUBADA

Tsoti: Infância Roubada, escrito pelo dramaturgo sul-africano Athol Fugard, foi transformado em filme com direção de Gavin Hood, fotografia de Lance Gewer e elenco de Presley Chweneyagae, Terry Pheto, Kenneth Mkosi, Mothusi Magano. Este filme ganhou diversos prêmios internacionais, entre eles o Oscar, a história de intenso apelo humano, narra as mudanças de um jovem marginal negro, com sua gangue de assassinos e assaltantes pelas ruas miseráveis de um bairro segregado da Johannesburgo do ano 1950, com pessoas vivendo aprisionadas de intolerância racial, cometendo crimes contra seu próprio povo. Neste mundo de violência e pobreza, a morte parece ser a única saída.
É uma história triste, de um membro de gangue que num dos seus atos inconsequentes, rouba um carro e descobre um nenén indefeso dentro, ao invés de matá-lo ou abandoná-lo, o que estaria de acordo com sua natureza delinquente, ele se comove e enxerga no bebê uma redenção para si mesmo, afinal ele já foi uma criança indefesa e abandonada.
O filme mostra uma pequena passagem da sua infância, sua mãe está morrendo e o pai não o quer perto dela, seu único amigo parece ser um cão que é morto pelo pai num ato de fúria e impaciência, talvez pelo desespero de ver sua família se desfazendo, o garotinho foge e passa a viver na rua, deste afeto coagido pelo pai, surge um violento criminoso. Porém quando este criminoso se vê diante de um bebê, filho de uma mulher por ele mesmo baleada, ele acaba se inclinando a cuidar da criança, como se quisesse dar todo o afeto que havia sido negado a ele pelo pai. Com isso o protagonista desenvolve um novo olhar acerca de tudo a sua volta, ele passa a distinguir seus amigos e as pessoas que realmente lhe têm carinho.
A redenção é uma ideia inerente a lógica cristã que inevitavelmente prevê o sacrifício, porém ela se torna falsa e superficial quando o protagonista em meio a diversas possibilidades não vê outra saída que não seja a de se entregar a policia. Como se para consertar um erro e se redimir fosse necessário uma punição, levando o castigo a uma importância ainda maior que é a boa ação - mais uma vez é o sofrimento que faz de uma boa ação algo especial. Não seria mais natural que Tsotsi reparasse seu erro sem se expor ao castigo, ao invés disso, vemos uma figura castrada que levanta seus braços arrependido, somente ele poderia consertar seu erro, porém também poderia tentar fugir, brigar e até morrer. Tudo isto seria mais natural para este personagem acostumado as leis das ruas. Talvez a redenção esteja quando Tsotsi se ajoelha, e sim quando ele devolve a criança roubada.
As trocas de olhares entre os personagens são mais valorizadas que o dialogo, e os atores corresponderam de forma positiva, com os olhos conseguem transmitir medo, inseguranças, apreensões e sofrimentos. Talvez para nos brasileiros, a historia do filme seja comum e provável, já que vivemos num país de tanta desigualdade social, inversão de valores e ausência de ética e moral.
A cena da rendição poderia então ser compreendida como a oportunidade extrema de uma redenção na substituição de Tsotsi por David. Assim, podemos perceber que o comportamento anti-social, que questiona epla atuação, um direito a um lugar, o colo e atenção da mãe, e um limite e significação para os seus atos na figura do pai, pode, caso não seja atendido, aumentar a sua área de ação e passar a ser destrutivo.
Frequentemente associamos o ato delinquente a pobreza e a criminalidade a carência material, hoje como educadores buscamos saber o que é ser criança, como esta o seu processo de formação? Como a criança esta inserida na sociedade? Qual o quadro familiar a que esta pertence para então conhecer o individuo que queremos formar.


Trabalho apresentado na Faculdade Asmec no 5º período de Pedagogia por Lu Rosa.

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