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sexta-feira, 30 de março de 2012

Medo do Escuro

Era uma vez uma estrela que tinha medo do escuro.       
- Imagine! – dizia a mãe, uma estrela grande e brilhante.
- Isso é impossível !
- Imagine ! – exclamou o pai, um estrelão dos mais respeitados.
- Imagine! – repetia o sol, o chefe de todas as estrelas.
Mas o caso é que aquela estrela  tinha medo do escuro. Ela ficava o tempo todo dentro das nuvens, com a luz acesa vendo televisão. Quando o sol ia dormir, ela apagava a luz e abria a porta da noite, por onde as estrelas deveriam entrar.
- Vamos – dizia a mãe da estrelinha.
- Vamos – repetiam as outras estrelas.
- Vamos! – ordenava o estrelão, com sua voz grossa.
Mas ela não ia. Ficava de luz acesa, às vezes chupando o dedo, com muito medo do escuro.
Então, chamaram a lua. A lua era assim muito jeitosa para falar com as estrelinhas. Sabia contar histórias. Sabia falar macio, numa voz que parecia música. E Ela foi falar com a estrela que tinha medo do escuro.
- Vamos? – chamou.
E chamou de um jeito doce. A estrelinha olhou pra lua. Mas não se mexeu.
- Olha – disse a lua. – Você é uma estrela. E as estrelas devem brilhar.
- Mas eu tenho medo do escuro! – disse a estrelinha.
- Mas o escuro é que foge de você – disse a lua.
- Como assim? – perguntou a estrelinha.
- Quer ver? – disse a lua.
E tomou a estrelinha pela mão e saiu do meio das nuvens e entrou pela porta da noite. A estrelinha ia andando e, como não podia deixar de brilhar, o escuro ia ficando cada vez mais longe. Quanto mais ela andava, para longe o escuro ia.
- Eu não disse? – falou a lua. - O escuro foge de você.
A estrelinha sorriu.
E não teve mais medo.
                     
                PACHECO,Antonio Carlo. Medo do Escuro.Ática.S.Paulo.1984.


Análise Textual - Interpretativa e Psicológica:

     A história Medo do Escuro, é bem semelhante a forma dos contos de fadas, ou seja, apresenta a unidade temática, a organização dos acontecimentos dos conflitos, a intervenção da lua, fada madrinha, que tudo acalma para que o bem prevaleça.
     A história traz também a característica textual e as várias vozes dos contos de fadas: - Olha! Disse a Lua - Você é uma estrela. E as estrelas devem brilhar. - Mas eu tenho medo do escuro! - disse a estrelinha.
     Nesse sentido, o Medo de Escuro, organiza-se de forma coerente apresentando continuidade e adequação ao tema.
     O emprego do "então" é articulado de forma bem coesiva, dando a história um encadeamento coerente dos fatos tecidos pelo autor. Outro aspecto do texto é o tom moralizante que está expresso nas entrelinhas. (...) "E tomou a estrelinha pela mão e saiu do meio das nuvens e entrou pela porta da noite." (...) " eu não disse? - falou a lua." E desta forma a estrelinha perdeu o medo do escuro e a lua realizou seu desejo, pelo convencimento e transgressão as regras familiares.

     Acredita-se que histórias em especial, os contos de fadas, possuem características que favorecem as crianças a construção de um conteúdo e forma para suas produção orais e escritas.
     O contéudo imaginativo dessa literatura, geralmente, é do interesse das crianças. O fascínio pelas transformações mágicas, pelo sobrenatural, pelo insólito é uma necessidade que a criança tem de vez por outra escapar de si mesma, através da literatura, colocando-se na pele de algum personagem, animal ou um objeto.
     Assim, a temática presente nos contos de fadas pode despertar a lição social-pedagógica instaurada entre os seres e as coisas, um modo de relação que transcede a lógica adulta, mas que vem ao encontro dos desejos, expectativas e sonhos das crianças.
     O "Era uma vez" constitui-se no "Abracadabra", "Pé-de-cabra" de um universo de liberdade onde tudo pode acontecer, tudo é possivel e impossível.
     Nessa perspectiva, os contos de fadas favorecem o trançar e tecer das histórias, contribuindo substancialmente para uma produção oral e escrita, mais efetiva, no sentido de promover um conteúdo para configurações textuais que as crianças possam vir a produzir.

Referências Bibliográficas:
> BETTELHEIM, Bruno. Psicanálise da Alfabetização. Artes Médicas, 1984.
> FRANCO, Ângela. Construtivismo: Uma ajuda ao professor. Editora Lê. Belo Horizonte. 1997.
> NEGRINE, Airton. Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil. Editora Prodil. Porto Alegre. 1994.
> ROSA, Nereide S. Santa. A arte de olhar crianças. Scipione. São Paulo. 2002.
> ALMEIDA, Theodora Maria Mender de. Brincar, jogar, contar e cantar: 77 jogos para as crianças. Editora Caramelo. São Paulo. 2004.
> BUORO, Anabella Buenos. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. Editora Cortez. São Paulo. 2002.
> QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Diário de classe. Editora Moderna. São Paulo. 1992.
> SOUSA, Maurício de. Manual da roça do Chico Bento/ Manual de Brincadeiras da Mônica. Editora Globo. São Paulo. 2003.
> PACHECO, Antonio Carlo. Medo do Escuro. Ática. São Paulo. 1994.

Educação Infantil - Jean Peaget - Algumas Idéias.

 Segundo Piaget, a prática pedagógica deve obedecer a alguns princípios básicos:

° Ação - As crianças só conhecem os objetos usando-os, por isso, é preciso aplicar vários esquemas em vários objetos ao mesmo tempo;

° Representação - A criança só manifesta o simbolismo se a atividades for representada;

° Atividades grupais - Os efeitos de natureza social e afetiva, que são gerados no grupo são extra ordinariamente importantes para a criança, porque incidem em sua própria auto-estima e porque reduzem o impacto de uma determinada ação educativa ou institucional sobre a criança. Daí a proposição de Piaget, em formar grupos espontâneos e não impor algum tema;

° Organização - É na interação com a atividade que a criança vai se organizar;

° Professor Problematizador - É através da problematização que a criança constrói sua autonomia;

° Área de Conhecimento Integrada - Para Piaget, a criança é mais capaz de compreender e agir do que expressar verbalmente os princípios de suas ações.

É na educação infantil que se desperta na criança o gosto pelas várias aprendizagens. Portanto, ela deve ser estimulada e incentivada.

Algumas sugestões:

° Criar um cartaz sobre os direitos e deveres dos alunos na escola; boas maneiras tais como cumprimentar, despedir, agradecer, pedir licença, dizer por favor, desculpar-se, ser gentil e elogiar quando necessário;

° O trabalho com os nomes é uma forma de estímulo para o aluno, porque o nome é o princípio;

° Pode usar jogos e listas que usam como base o nome próprio, crachás é uma ótima estratégia para iniciar a alfabetização na pré-escola;

° Usar desenhos com as iniciais dos nomes;

° Afixar nos murais nomes dos ajudantes de sala;

° Datas comemorativas, aniversários, dias da semana, mês, ano e numerais;

° Fichas do dia que contenham desenhos sobre o tempo;

° Contar histórias para serem ilustradas;

º É importante que se crie um ambiente alfabetizador com muito material escrito: livros, revistas, jornais, rótulos para que todas as  crianças entrem em contato com esse material, porque muitas não tem acesso a ele e assim poderá descobrir que a escrita está em todos os lugares;

º Também se faz necessário criar um cantinho de leitura para que as crianças manuseiem os livros, porque mesmo sem saber ler ela pode construir sua historia.

° Pode também fazer uma parecença com uma foto de revista para as crianças: com quem se parece, cor dos olhos, cabelos, formato do rosto, característica físicas. E nesse espaço trabalhar a lateralidade: dentro-fora, maior-menor e esquerdo-direito.

Baseado nos dizeres de Jean Piaget e nas sugestões de atividades entende-se a importância do professor como organizador.
Organizador no sentido, de quem observa, colhe os dados, trabalha continuamente, com respeito aos alunos que não são puros objetos de ação do professor, mas que encontram em suas atividades como algo delas e ao mesmo tempo entendam o papel do professor como organizador e não como dono de suas atividades.