OURO FINO/ SETEMBRO-2010
INTRODUÇÃO
A área da educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações, muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas.
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.
As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se são associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado.
Por fatores intervenientes no processo ensino aprendizagem, queremos nos refletir àqueles que, de alguma forma e em algum nível, afetam: as possibilidades da construção e expressão dos conhecimentos. O desenvolvimento de condutas compatíveis com as esperadas em determinados estágios de vida; a conquista gradativa da autonomia e da criatividade; o processo de individuação do Eu cognoscente, segundo as possibilidades que lhe são inerentes de captar, decodificar, interpretar, armazenar e transformar informações e dados em conhecimentos, que possam vir a ser bases das ações e reações ao meio ambiente.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atento a outros sérios problemas: Dislalia, Disfemia ou Gagueira, Disortografia, Discalculia, Disgrafia e o TDAH (transtorno de Atenção e HIPERATIVIDADE).
Apesar da amplitude dessa contextualização inicial, é muito comum, na educação escolar, que os chamados fatores intervenientes no processo de aprendizagem estejam associados aos chamados “problemas”, “dificuldades”, “distúrbios”, “déficits ou deficiências” no ato de aprender, fatores esses alocados no sujeito aprendente, como portador de uma “síndrome que precisa ser tratada”, com o encaminhamento a especialista de diferentes áreas. Nesse sentido, são comuns as queixas de professores sobre o contingente de crianças que, apesar dos seus esforços, não aprendem a ler, a ortografar, a escrever, a pensar e, principalmente, não sentem o tão decantado e esperado “prazer de aprender”.
Muito se tem estudado e publicado sobre os chamados “Dificuldades de aprendizagem”, diante dos milhares de alunos identificados como “fracassados”, sem que, nestes estudos e pesquisas, para além das hipóteses e propostas apresentadas, tenha-se dado voz, tenha-se permitido ouvir as crianças em suas reais condições e necessidades. O número excessivo de pessoas que não consegue aprender, em todas as camadas sociais, faz com que repensemos o conceito de “dificuldades de aprendizagem”. As famílias apresentam relatos de pessoas normalmente desenvolvidas em outras esferas e dimensões da vida, mas que não aprendem quando colocadas em situação normal de escolaridade.
Dificuldades de aprendizagem é um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso das capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas. Estas dificuldades raramente têm uma única causa, supostamente têm base biológica (Lesão cerebral, alterações no desenvolvimento cerebral, desequilíbrios químicos, hereditariedade). Mas é o ambiente familiar, escola, comunidade que determina a gravidade do impacto da dificuldade.
Algumas Dificuldades de Aprendizagem
Dislalia
A dislalia é um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. A criança com dislalia pronuncia algumas palavras de forma incorreta, omitindo, trocando, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas às mesmas. Um exemplo é o caso da personagem Cebolinha, que confunde/troca o som R por L.
A dislalia é o transtorno de linguagem mais comum, o mais conhecido e o mais fácil de identificar. A maioria dos casos de dislalia ocorre na primeira infância, entre os 3 e os 5 anos, quando a criança está a aprender a falar.
As principais causas, nestas idades, poderão advir de fatores emocionais, como, por exemplo, ciúme de um irmão mais novo que nasceu separação dos pais ou convivência com pessoas que apresentam esse problema. A dislalia também pode interferir na aprendizagem da escrita da mesma forma que acontece com a fala.
Disfemia ou Gagueira
É um distúrbio da linguagem em que o indivíduo repete sílabas, faz prolongamento ou pausas ao pronunciar as palavras.
Cerca de 75% das crianças entre 2 e 4 anos de idade apresenta a Gagueira Fisiológica, o rápido fluxo de pensamento, geralmente associado à ansiedade para contar rápido algo importante que o impressionou ou que acabou de aprender, contribui para que a criança apresente dificuldades para produzir um ritmo regular e suave em sua fala, daí a importância de um trabalho preventivo com um fonoaudiólogo com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da linguagem da criança e orientar aos pais como se comportar diante desse tipo de gagueira. A Gagueira Fisiológica ainda é Patológica, o trabalho de prevenção não deixará que a gagueira se desenvolva tornando-se uma Gagueira de Desenvolvimento.
Quanto a Gagueira de Desenvolvimento, passada pela primeira infância, passa a ter outros sinais anormais como Comportamento Associados a Gagueira (Tiques), reações emocionais negativas, ansiedade, angústia, frases incompletas, abuso de sinônimos e tensão. Esses sinais anormais prejudicam a comunicação e conseqüentemente a relação e a qualidade de vida do indivíduo que apresenta a Gagueira de Desenvolvimento.
O tratamento varia de acordo com a manifestação de cada indivíduo e costuma se ter um bom prognóstico para pacientes participativos e assíduos as terapias.
Disortografia
A disortografia caracteriza-se por troca de fonemas na escrita, junção (aglutinação) ou separação indevida das palavras, confusão de sílabas, omissões de letras e inversões. Além disso, dificuldades em perceber as sinalizações gráficas como parágrafos, acentuação e pontuação.
Considera-se que 90% das disortografias têm como causa um atraso de linguagem ou atraso global de desenvolvimento.
Discalculia
Trata-se de um transtorno de aprendizagem da matemática e não de preguiça como pensam muitos pais e professores desinformados. O portador de discalculia comete diversos erros na solução de problemas verbais e escritos, nas habilidades de contagem, nas habilidades de medidas, tempo, na execução das operações e nos cálculos propriamente dito.
Existem algumas causas que através da avaliação fonoaudióloga será diagnosticada entre elas: distúrbios de memória auditiva, distúrbios de leitura e percepção visual, vale lembrar que crianças com essa dificuldade não tratadas podem ter baixa auto-estima e comprometimento no rendimento escola.
Disgrafia
Na escrita disgráfica observar-se traços pouco precisos e incontrolados. Há uma desorganização das letras, letras retocadas e “feias”. O espaço entre as linhas, palavras e letras são irregulares. Há uma desorganização do espaço ocupado na folha e pode-se referir à problemas de orientação espacial.
Há falta de pressão com debilidade dos traços, ou traços demasiadamente forte o que causa cansaço e lentidão na hora da escrita. Alem disso, devido a letra ilegível há dificuldade de entendimento na hora da leitura por parte dos alunos e professores.
Não se recomenda o uso de caderno de caligrafia, esse poderia sobrecarregar o punho podendo dar dores no braço indo até os ombros, é importante que se faça uma avaliação fonoaudiológica o quanto antes melhor, evitando-se assim o fracasso escolar.
TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) se caracteriza por sinais repetitivos e claros de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta não mostrá-lo. É responsável pela enorme frustração que pais e filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia
Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotuladas de “problemáticos”, “desmotivados”, “avoados”, “malcriados”, “indisciplinados”, “irresponsáveis” ou até mesmo “pouco inteligentes”. A maioria daquilo que lemos ou ouvimos sobre o assunto tem uma conotação negativa. Os portadores desse distúrbio são muito inteligentes e em alguns casos precisam do apoio de uma equipe multidisciplinar: neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo.
Este transtorno continua sendo conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 3% a 5% das crianças em idade escolar podem ser incluídas nesse diagnóstico.
Nas meninas, é mais comum a forma do TDAH em que predomina a desatenção: elas parecem tranqüilas e na sala de aula muitas vezes se mostram quietas, sem perturbar o ambiente como os meninos. No entanto, essa aparente calma esconde um pensamento que voa e se distrai com ele mesmo. A falta de aproveitamento escolar é refletida nas notas das avaliações e boletim.
Já nos meninos é mais comum a forma de TDAH que une a hiperatividade com a impulsividade, podendo ou não ser acompanhadas da tendência à distração, o aparecimento das três formas juntas configura a forma mista de TDAH.
As dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos, geralmente o paciente com TDAH possui algumas habilidades rebaixadas como: competência comunicativa, nomeação e memória de trabalho, na escola tem dificuldade para copiar do quadro, a produção textual é pobre e na leitura como está sempre a 1.000 por hora esquece na maioria das vezes de ler o título e detalhes importantes do texto e com isso acaba não entendendo o que leu, daí a importância do fonoaudiólogo para o tratamento do TDAH que pode estar na maioria das vezes associado à dislexia, disortografia ou até a discalculia
CONCLUSÕES FINAIS
É um grande desafio identificar, diagnosticar e fazer as intervenções necessárias para que a aprendizagem do aluno seja satisfatória, para sua vida acadêmica e para sua auto-estima, é necessário atenção para não rotular, condenando um aluno para o resto de sua vida.
Ao educador, cabe apenas detectar as dificuldades de aprendizagem que aparecem em sua sala de aula, principalmente nas escolas mais carentes, e investigar as causas de forma ampla, que abranja os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos, adicionados à problemática ambiental em que a criança vive. Essa postura facilita o encaminhamento da criança a um especialista que, ao tratar da deficiência, tem condições de orientar o professor a lidar com o aluno em salas normais ou, se considerar necessário, de indicar a sua transferência para salas especiais.
As dificuldades de aprendizagem ainda são assunto pouco explorado nas escolas. O diagnóstico equivocado leva a encaminhamento para tratamentos desnecessários e à exclusão, tirando a oportunidade do aluno de superar suas dificuldades.
É preciso levar o tema para dentro da escola, não como assunto pontual, mas numa discussão permanente, contemplando as diversas dimensões da vida do aluno, como mais um instrumento para seu desenvolvimento integral, visto que as dificuldades de aprendizagem não têm como causa apenas um fator.
Bibliografia
http://www.educação.brasilescola.com/
Revista Nova Escola, “Dislexia”, ano XV, nº 135, setembro 2000. pág. 24,25.
Revista Nova Escola, “Gagueira”, ano XX, nº 183, junho/julho 2005, pág. 39,39
Revista Nova Escola, “TDAH”, ano XXV, nº 231, abril 2010, pág. 80,81.
Gostaria também de citar a consulta de um livro que fala do assunto em questão,
Mas sem dados de sua origem.
==> Trabalho apresentado na Diciplina de Historia de Educação,
Faculdade Asmec de Ouro Fino
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